22 de dezembro de 1998, Londres
Louis,
Chove aqui em Londres, está tudo cinza. Você sabe o quanto este tempo cinza me assombra, não há muito tempo... Mas assombra desde que você decidiu ir para Madri. Era tão motivador dias cinzas quando você estava aqui comigo, hoje eles são o que eu mais evitaria, depois do seu olhar, se fosse possível.
As dores ainda são visíveis. Desde que você se foi, já me peguei inúmeras vezes tentando recordar o nome da rua onde era sua casa ai em Madri ou até mesmo, já me peguei dentro do aeroporto esperando por você. Em vão eu sei, mas eu não consigo controlar. Parece que a sua falta consome todo o meu ser e me faz agir sem pensar, porque o meu pensamento aaa... bem que eu queria saber por onde ele anda. Juro que não sei. Você não o viu por ai?
Tudo parece tão vazio neste apartamento desde que você se foi. As vezes olho pela janela lá embaixo, não sei se por reflexo, mas sempre vejo alguém com uma blusa igual a sua, aquela que eu usava nos dias cinzas e você adorava ve-la em mim. Desço as escadas correndo, ao chegar lá embaixo percebo que foi em vão. Não era você.
Quantas vezes, por ilusão, eu me arrumei e fui até o nosso barzinho favorito lá no Blackheath, onde a gente se conheceu. Sentava em alguma mesinha que dava para ver o bar todo e, sem querer, me via cutucando alguém e perguntando se era você.
O meu coração ao ouvir teu nome ainda bate forte, ele te chama quase toda hora, e as vezes chora.
Não encontro ninguém para me dizer se você pensa em mim.
É impossível esquecer quando se ama assim deste jeito.
Meu Deus, já cometi tantas coisas sentindo a sua falta... Me diz uma coisa, o que eu faço com esta parte do meu coração que ficou aqui, sem rumo, sem paz e que sempre chora e pede por você? Não sei como está sua vida ai sem mim... Não sei se pensa em mim, não sei se alguém já te beijou e se alguém já esteve onde eu estive com você, se alguém já sentiu seu abraço quente ou se ao menos você conseguiu pronunciar a palavra amor.
Já rasquei diversas cartas, porque nada consegue dizer... Não sei se vai receber esta carta, estou mandando ao seu antigo endereço, que por um acaso achei em uma camisa sua que você esqueceu aqui.
Eu sinto a sua falta meu amor... Não importa o tempo que passar, eternamente vou te chamar de amor.
PS.: Eu ainda te amo...
Beijos com saudades, Anne.
22:07
Trechos em negrito da musica Vou te chamar de amor - Zé Henrique e Gabriel aqui.